sexta-feira, 10 de junho de 2011

POEMAS DO DESESPERO - ALMA SEM LAR



Pálida manhã e eu cansado
Deste marasmo, espancado,
Trajando de nostalgia.
Negras nuvens, escuro dia.

E imploro ao Universo
Que me guie neste verso
Pois nele quero contar
O que me está a sufocar.

O meu vulcão, não extinto,
E esta amargura que sinto,
Fê-lo entrar em actividade,
Queimando a minha vontade.

E a lava incandescente
Ocupou o lugar da mente.
Catastrófica melancolia,
De que serve a filosofia?

Nunca seria um castrado
Ao destino cantando o fado.
Só me tento localizar,
Atordoado, só de pensar.

Mas ele resta, o pensamento
E bem percebe o desalento.
E, fora do tempo sobrevivo
E, desta selva, sou cativo.

Todos vivem a sua utopia
Onde não encontro alegria,
Onde me possa acalmar,
Algum sentido encontrar.

Tantas vezes sigo às cegas
Que meu espírito tem pregas.
Ele afasta-me do presente
Do qual me sinto ausente.

E o meu descontentamento
Não cabe num só lamento.
Mas eu o quero partilhar
E minha alma vou visitar.

Bem atento a vou escutar,
Que nada me tente ocultar.
Não tenho tempo a perder,
Se estou vivo, é para viver.

Mas nunca uniformizado,
Na multidão misturado.
Eu sou único, irrepetível,
Um ser lúcido e sensível.

E uma musa inspiradora,
Tal como eu, sofredora,
Que se sinta sem lugar,
Que me venha procurar.

A minha génese é universal
Reclamo MEU espaço vital.
Careço de ar para respirar,
Minha alma vive sem lar.





                                            
      BEM POSSO PEDALAR, QUE NÃO SAIREI DO MESMO LUGAR.
      E NESTE MUNDO DE SURDOS, NINGUÉM ME VAI ESCUTAR