terça-feira, 24 de maio de 2011

POEMAS DO DESESPERO - ILUSÃO, LUZ DA VIDA





Como para a vida sorrir 
Quem perder as ilusões
É o cansaço de existir
É não sentir emoções

A ilusão é a luz da vida
É a chama que alumia
Se ela se vai, perdida
O existir é de agonia

É esperar que o novo dia
Seja igual ao que passou
É viver sem fantasia
É ver que nada mudou

É uma bebedeira de tédio
Pelas ruas da amargura
É doença sem remédio
É espicaçar a loucura

Se o coração quer sentir
E novas rotas desbravar
Então a mente irá agir
E o percurso  irá mostrar

E uma viagem acontece
Um passo para começar
Mas a vontade adormece
Quando a inércia imperar

A satisfação dos sentidos
Cria hábitos e acomodação
É fechar olhos e ouvidos
É afundar na estagnação

O conforto do conhecido
Mata a invenção ao nascer
O medo do desconhecido
É o que impede de crescer

Conforme possamos falar
Connosco próprios, decididos
As emoções poderão mudar
E voltam os sonhos perdidos

Jamais alguém realiza
Se nunca tiver sonhado
Nunca ninguém finaliza
Por nunca ter intentado

E se há limite para a vida
Sem demora há que tentar
Porque ela não é comprida
Melhor será não vacilar

E com medo de falhar
Porque se pode perder
Nunca se chega a arriscar
Jamais se chega a vencer

E se à terra irei voltar
Se deixarei de existir
Só me resta aqui cantar
Enquanto me puder ouvir

Minhas células a espalhar
Quando a Terra explodir
Porque o Sol irá acabar
Para o Espaço irei partir

Mas enquanto a Terra viver
Em volta do Sol girando
O que de mim se decompuser
Outras vidas vai formando

E a Terra fertilizando
Água límpida torno a ser
Tudo se vai transformando
Alguém me voltará a beber

E os meus átomos ao vento
Oxigénio irão formar
Serão o ar e o alimento
Que a tantos irão saciar

E neste ciclo infinito
E se o Universo existir
Eu, com corpo finito
Irei sempre ressurgir