terça-feira, 8 de novembro de 2011

POEMAS DO DESESPERO - O DEPUTADO



                     I
Foi um milagre espantoso
Que converteu uma Nação
Um momento embaraçoso
Que culminou em aparição

                 I-A
Narro a epopeia de um eleito
Daquelas que a História regista
Comendas brilhando no peito
E um cérebro de terrorista

                  I-B
Habilidoso, sobre-dotado
Nas margens da genialidade
Um caminho cedo esboçado
Caprichoso na puberdade.

                   I-C
Robusto de qualidades
Imensas, únicas, brutais
Esgrimindo falsidades
Como verdades universais

                              
INOCÊNCIO FALCÃO ( O MÃOZINHAS )

                          
                 II
 Ao néscio beijar a mão
 Ser manso com o malvado
 Ser oportunista e aldrabão
E teremos um deputado

              III
Já habilidoso na escola                                      
Astuto como os gatunos
Já cobiçava a sacola
E a mesada dos alunos

                    IV
Com espantosa progressão
Em carreiras facilitadas
Conquista grosso quinhão
À custa de trapalhadas

                       V
Aos poderosos beija a mão
Se lhe ordenam dá latidos
Mas ruge mais que o leão
É forte com os oprimidos

                      VI
Pairando como o condor                          
E imitando o camaleão                           
Prospera a todo o vapor                         
Incha como um pavão                             

                       VII
Mas antes fareja caminhos
Sabe que o dia há-de vir
Mexe bem os cordelinhos
A um Município irá presidir

                       VIII
E cúmulo da humilhação
Que a sua subordinada
Com muito mais formação
Seja, por ele, assediada

                        IX
É insaciável o seu ego                       
Despesas sempre a subirem
Nem sabe cravar um prego
Mas fortunas a sorrirem

                      X                                                                                                                       
E espalha a podridão
Desgraça por todo o lado
Mas tem outra ambição
Pretende ser deputado                                                                                                      

                      XI
Chega célere ao parlamento
Logo é líder da bancada
E presto, como o pensamento
Joga a sua suja cartada

                   XII
Fabrica leis, manipula
Envolve-se em negociatas
É ele que tudo estipula
Rios de dinheiro, cascatas

                    XIII
Tudo compra e corrompe
Não sabe o que é a moral
Onde sua ambição irrompe
Ficam destroços de vendaval

                    XIV
E na terra onde nasceu
Todos lhe querem falar
Tudo o que existe é seu
Vem seu busto inaugurar

                      XV
E vem o povo a correr
Chega o padre a ofegar
A emoção é de tremer
Todos lhe querem tocar

                      XVI
Puxa o fio, cai o pano
As gentes a aplaudirem
É o evento do ano
Foguetes a explodirem
                      
                       XVII
Passam carros de bombeiros
Com as sirenes a assobiarem
Fogo de artifício, morteiros
E os militares a desfilarem

                         XVIII
Reina tão grande comoção
Há lágrimas em todos os olhos
Pelo deputado há devoção
Fazem-se promessas aos molhos

                           XIX
E faz-se um absoluto silêncio
Nem um pássaro se ouve piar
Prepara-se o deputado Inocêncio
Para, solenemente, discursar

                             XX
Mas algo vem pelo ar
A humilhação do deputado
Vem uma pomba sujar
O busto do homenageado

                             XXI
E tremendo de indignação
Vai um cigano disparar
Empunhando um pistolão
A ave, ele quer matar

                              XXII
Mas há momentos fatais
Segundos que fazem história
Daqueles que nunca mais
Se apagarão da memória
  
                                XXIII
Foi o destino ou foi por azar
Que sendo à pomba destinado
Vai o projéctil atravessar
O peito do homenageado

                               XXIV
Que com a força do impacto
E pensando que ia morrer
Pensa em seu ouro, a recato
Cai no solo, ao desfalecer

                               XXV
Mas ainda intenta falar
No meio daquele alvoroço
E o que consegue balbuciar
Soou, ao povo, como poço

                                XXVI
E logo ali se conjecturou
Que lá estaria escondido
O tesouro que ele juntou
E que seria bem nutrido

                                 XXVII
Corre a turba, alvoroçada
Atropela velhos  e crianças
É uma louca debandada
Vão pesquisar abastanças

                                  XXVIII
E multidões de todas as idades
Em busca do tesouro escondido
Vasculham campos, propriedades
Do deputado, que crêem falecido

                             XXIX
Nada há que fique inteiro
São as árvores arrancadas
Há um incêndio no celeiro
As paredes são esventradas

                           XXX
Pelos ares já foi a ermida
Começam o solo a escavar
E encontram uma jazida
Quando estavam a perfurar

                          XXXI
Era ouro, era um filão
Pararam e ajoelharam
Tinham a riqueza na mão
Olhos no céu, choraram

                        XXXII
Mas acorda o deputado
Que tinha só desfalecido
Da morte foi resguardado
Porque o tiro amortecido

                          XXXIII
Por dinheiro, era um pacote
Que no seu bolso levava
Era o suborno de um magote
De gente que apadrinhava

                          XXXIV
Correu para o que era seu
As forças haviam voltado
E a multidão surpreendeu
Festejando o rico achado

                          XXXV
Que ao vê-lo ali, escorreito
Julgou ser uma assombração
E gritando, murros no peito
Desertou em convulsão

                          XXXVI
Só por lá ficou, estarrecido
 Aparecido Mata, o cigano
Que, sem fala, humedecido
Por ser causa de tanto dano

                         XXXVII
E “o mãozinhas”, Inocêncio Falcão
Logo ali viu uma oportunidade
A de ter “o pistolas” sempre à mão
E com Aparecido fez sociedade

                          XXXVIII
Que se estuda nas escolas
É a “Inocêncio & Aparecido”
Mas “Mãozinhas & Pistolas”
É seu nome mais conhecido




Logótipo da empresa " Inocêncio & Aparecido"


O deputado Inocêncio Falcão repousando, anos
mais tarde, depois dos meritórios serviços
prestados ao seu povo. O "pistolas"é hoje,
membro do Conselho Superior da Magistratura,
cargo para o qual foi indicado pelo seu partido

               PORQUÊ,  MEU POVO?*

O que se esperava de mim?                   
 Talvez dócil, espinha curvada         
 Mais um fraco, se fosse assim
Não sou mente acomodada                                                 
  


É. O povo tudo quis, tudo pensou ter e agora tem a factura.
Quando acordarás, povo? Quando irás perceber que te 
adormeceram com futebol, novelas e outras porcarias?
E que te endividaram, irremediavelmente, e aos teus filhos
e netos? Tu inculto, completamente espoliado por outros,
tão incultos como tu, mas com o gene da vigarice no corpo


As forças do mal que levaram um povo milenar à ruína

O polvo, constituído pela justiça, escritórios de advogados,
os 2 partidos políticos que se alternam no poder e seus
comparsas no parlamento e municípios

PESCADOR DE ILUSÕES
Meu povo. Chega de ilusão e mentiras.Não entendes que as leis, cozinhadas entre os grandes escritórios de advogados e seus amigos do parlamento, apenas têm servido para proteger quem te roubou? Já viste algum deles ser punido? Até um banco roubaram. E tu pagas. São eles que fazem as leis. E a justiça lá está para dar uma mãozinha. São leis que se anulam umas às outras, recursos e mais recursos, protegendo os seus crimes. Tudo acaba em prescrição. E o dinheiro que te roubaram vai para os paraísos fiscais. Sem sequer pagar impostos. Eles ainda usam serviços que tu pagas com teus impostos. Ser inculto é resultado da  manipulação e do teu comodismo. Mas quando se é cego porque se não quer ver, já é um atentado à inteligência.


FOI A HISTÓRIA DO DEPUTADO INOCÊNCIO FALCÃO, DE ALCUNHA "O MÃOZINHAS E DO CIGANO APARECIDO MATA, DE ALCUNHA " O PISTOLAS"


*Tudo isto se passa em Cassiopeia, bem longe do planeta Terra

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