quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

POEMAS DO DESESPERO - SAQUEADORES DO FUTURO PERDIDO(*)

Um Lusitano, depenado, caindo e pedindo a protecção de Deus

MORDENDO A MÃO DE QUEM LHES PAGA




Meu Pais empobrecido
Por décadas de rapinagem
Quem cumpre é perseguido
Protege-se a gatunagem

E a justiça, preguiçosa
Que é paga principescamente
E que só serve, ociosa
A ela mesmo e a outra gente

Gente que uma teia montou
De favores, de corrupção
E o País inteiro afundou
Nas malhas da depressão

À porta de um tribunal
Casaco de peles envergando
Uma juíza em pose imperial
Os olhos duros, chispando

Para aquela figura olhei
Pobre País que tal toleras
Pagas-lhes para que haja lei
Mordem-te a mão como feras

Pobres egoistas, mortais
Pensam eles serem Deus
As sua acções são letais
Pagarão os filhos meus

Há um triângulo apocalíptico
Que tem no topo a justiça
Protege o autarca e o político
Cultivando ela a preguiça

Influenciam e manipulam
Entre si dividem lugares
Nas costas do povo, pululam
Semeiam a desgraça nos lares

Irão morrer, outros virão
É uma praga, mortal, instalada
Como a morte e Deus encararão?
Não pensa nisso a cambada.

E assiste o País, indiferente
Ao saque total, legalizado
Perpetrado por esta gente
Emigra o povo, depenado

Quando será que desperta?
Com uma vassoura na mão?
E da opressão se liberta?
Se livra da escravidão?
   
                                                     Os apocalípticos no poder .                            

Nunca vi o extraterrestre tão desanimado com o que se passa
no seu planeta. Já devolvi os cadernos que ele me emprestou.
Felizmente que isto nunca se passaria em Portugal. Temos os
melhores juízes, autarcas e políticos do mundo. A prova disto
é que nunca nenhum juiz foi acusado de corrupção e nenhum
autarca e político foi preso. Também é verdade que os filhos,
enteados, filhos das amantes, sobrinhos, netos, irmãos, primos,
cunhados e amigos, nem precisam de estudar para arranjar emprego.
Nas empresas municipais, no Estado, em empresas fantasmas,
 empresas públicas, duvidosos institutos, em
gabinetes ministeriais, etc. Mas isto é coincidência. Os bons
alunos, filhos de gente honesta, que tiraram um curso com mérito,
emigram. Os filhos dos tais, com canudos comprados, têm emprego
assegurado. Porque são espertos, e os que emigram é para se fazerem
homens. Só que, os que emigram, quando cá vêm, têm que untar umas
mãos. Mas isso é só para olear a máquina. Queixam-se os emigrados. Que
lhes roubaram o futuro e que tiveram que sair do País. E que quando vêm
cá, mesmo de férias, continuam a ser roubados pelos mesmos. Se querem
visitar uns monumentos, como o castelo de Lisboa ou os monumentos de
Sintra, deixam uma fortuna para os tais, que lá estão instalados. Eu acho que
isto é tudo má língua.Em Portugal está instalada, no poder, a mais intelegente
gente que aluma vez existiu. São tão espertos, que nem precisam de trabalhar.
Com canetas mágicas, basta uma assinatura, e têm o que querem. Como o
extraterrestre, temente a Deus e que deseja chegar à morte com a consciência
tranquila, têm pena de não viver cá. Conta-se que o Madoff, que apanhou 150
anos de cadeia nos Estados Unidos, aqui em Portugal em vez de ser preso, ainda
receberia 150 milhões de indemnização. Claro que não acredito nisto. 15 milhões
ainda vá que não vá. Era só para o compensar pelos danos ao seu bom nome.
Temos a Justiça e os governantes mais honestos do mundo. Nunca ninguém foi preso.
Aqui há um Estado de Direito. Diz a má lingua que os políticos nunca trabalharam e que
só subiram à custa do partido. E que nada sabem fazer. Por isso se têm de safar. E isto
não é ser inteligente? Como me orgulho. Como o extra-terrestre anseia mudar-se para
cá. Ele e o Madoff.

                                                             MATARAM-ME A ESPERANÇA
  (*) Cadernos de um extra-terrestre