sábado, 6 de novembro de 2010

CERCO AO CASTELO


                                              
Depois do cerco
Durante o cerco



E porque do grupo ausente
Porque rio, choro e canto
Porque procuro ser gente
Defendo-me no meu Lepanto

Oh mentes paradas na infância
Oh cérebros desaproveitados
Fiquem com a vossa ganância
Como vegetam, alienados

E da bruta arrogância
De que estão embriagados
É  fruto da ignorância
Em que estão atolados

Abomino a subserviência
Antecâmara da escravidão
Falta-me a paciência
Para seguir o padrão

O comportamento estudado
A rotina instituída
De ter o destino traçado
Desperdiçando a vida

Condeno o gesto encenado
A palavra certa e contida
Que não tem o efeito esperado
E, pelos olhos, desmentida

Eu , auto-amordaçado,
Nas ondas da aparência?
Navego, vivo acordado
Nos mares da incontinência

Do rebanho controlado
Escapei à custa da mente
Da normalidade transviado
Procuro, só, ser diferente

Por isso me querem abater 
E armaram tantas ciladas
Nunca me irão vencer
Fileiras, tenho  cerradas

Meu castelo está cercado
Muitas defesas caíram
O inimigo desproporcionado
Muitos os que me traíram

E aqueles em quem confiei
Desconhecem a minha muralha
Com eles já acompanhei
Estão no meio da canalha

Vejo-os, lá em baixo, no cerco
Conhecem mal meus segredos
Porque enterrados no esterco
De suas vidas, tantos medos

Encaro-os de frente, sorrio
Do alto do meu baluarte
Em minha força confio
É feita de coragem e arte

Ao meu sorriso reagem
Com setas envenenadas
A sorte é meu pagem
E elas são desviadas

Ao ataque respondo
Com grande determinação
Com a verdade que não escondo
Com a certeza da razão

E com a arma da estupidez
Em ataque concentrado
Fracassam mais uma vez
Mais um assalto frustrado

Atiram  fardos a arder
De mentiras bem embaladas
Não os consigo deter
Minhas portas são arrombadas

Mas eis que uma força indizível
Rugindo como um vulcão
Cria um fosso intransponível
Retira a turba , em confusão