sábado, 7 de janeiro de 2012

POESIA DO DESESPERO - CARAVELA PERDIDA ( SERVOS PARTINDO , ESCRAVOS CHEGANDO )



Houve um tempo, o da caravela
Que se via, no Tejo, a entrar
Trazia ouro, prata, canela
Vinha das terras de além-mar.



Nas velas, ao vento, ondulando
A cruz de Cristo, encarnada
Partia com servos, chorando
Escravos gemendo, à chegada.



Zarpava carregada de gentes
Que à Pátria não iriam voltar
Lá iam, resignados, tementes
Dos perigos que havia no mar.



Ficar, era definhar e morrer
E ouviram o apelo do mar
Sabedores do ancestral sofrer
Fartos da servidão a imperar.

E, desde há séculos, partidos
Tantos hão que não voltaram
Por sua Pátria esquecidos
Os seus rastos se apagaram.

Da Amazónia a Timor
Em batalhas se consumiram
E Portugal?  Saudades, dor
Nunca mais seus olhos viram.



 E hoje, que séculos são idos
A miséria volta a espreitar
E, como seus avós, exauridos
Gente, oprimida, a escapar.



Ai minha gente, avassalada
Alguma vez acordarás?
Porque caminhas, curvada?
Quando será que sacudirás?



O colossal polvo, insaciável
Que te atraiçoa e te explora
Inventa já, um condestável
Que ele tarda, tarda a hora.



Nem tens pena de teus filhos
Que, um futuro, merecem
Liberta-te, decepa os atilhos
As armadilhas que te tecem.



Porque és manso, adormecido?
E apartado, sem pensamento?
Porque ignorante, embrutecido
Folha caída, arrastada ao vento.



Mas já não há velas, nem caravelas
Com cruzes de Cristo, encarnadas
Cor da desesperança, a das vielas
Cheias de vidas, cheias de nadas.




 Gritas e ergues bandeiras pela vitória do teu clube de futebol. Como pela tua derrota, quando vence o partido em quem votas e que te vai roubar. Como vibras com as imbecilidades com que te manipulam na tv. Pagarão também os teus descendentes. ´És pior que carne para canhão. E ainda troçam da tua preguiça mental.

ARRE!!!!!