quarta-feira, 22 de junho de 2011

POESIA DO DESESPERO - A LESTE DA FELICIDADE

                                                 
                               IN MEMORIAM
    
   





FRANÇOISE BADER - Exterminada aos 9 anos em
Auschwitz



                        As irmãs gêmeas Bella e Jeanine Gotainer- Exterminadas aos 12 anos em Auschwitz





Pobre de mim, não sabia
E nem podia imaginar.
Que um altar à aleivosia
Houvesse em algum lugar.

Eu não havia ainda nascido
Quando tiveram de morrer.
E se não tivessem morrido
Poderiam, ainda hoje, viver.

Tinham direito a crescerem
A conquistarem a imortalidade. 
O seu livro da vida escreverem
E a buscarem a felicidade.

De irem à escola e aprenderem
De brincarem e terem sonhos.
De terem tempo para sofrerem
E de terem dias risonhos.

Quem sabe poderiam legar
À espécie que as exterminou.
Um invento de assombrar
Uma cura que nunca chegou.

E tinham olhos tão belos
Um terno e doce olhar.
Queriam construir castelos
E contos de fadas escutar.

Trocavam entre si segredos,
Só queriam sorrir e encantar.
Mas veio o tempo dos medos
O Apocalipse vinha a chegar.

E as crianças de terno olhar
Tais anjos de asas cortadas.
Venho aqui e agora recordar
Pedir que sejam lembradas.

Vã vida, indigna morte
Nem tiveram funeral.
Imoladas, triste sorte
História humana, brutal.

                    E o desespero e impotência dos Pais?                        

                                                     
Uma lágrima, um lamento, pelas vítimas dos pedófilos.
Uma lágrima, um lamento, pelas crianças escravizadas.
Uma lágrima, um lamento, pelas crianças vitimadas pelas bombas de todos os terrorismos.
Uma lágrima, um lamento, pelas crianças de hoje e jovens de amanhã que serão vitimados pela droga e pelo álcool.
Uma lágrima, um lamento, pelos políticos, juízes, autarcas, especuladores, nazis dos nossos dias, porque os seus filhos, cheios de vícios, arrastam os filhos dos outros para a morte.

Jovens de hoje que mergulham no álcool e na droga. Estas ão 3 das centenas de milhares de crianças chacinadas nos campos da morte.
   
Já visitei Auschwitz. Estão lá as câmaras de gás , local dos últimos momentos de vida destas meninas. E os fornos crematórios. E armazéns cheios de cabelos e  outros com as malas das vítimas. 
                                        
Escrevo isto apenas para que nunca se esqueça que quando a História fala em 6.000.000 de exterminados na 2ª Guerra Mundial, não estamos a falar de um número. São seis milhões de rostos. Estas meninas eram Francesas e residiam na região Nord-Pas de Calais. Um dia, em 1944, foram agrupadas, metidas em vagões superlotados e levadas para Auschwitz ( Oswiecim), na Polónia. Aí chegadas, despiram-nas, raparam-lhes o cabelo e gasearam-nas. Em seguida os seus pequenos corpos foram alimentar os fornos crematórios.

PARA QUE CONSTE,  NUMA SOCIEDADE ALIENADA, 
MANIPULADA E ESCRAVIZADA, A DE HOJE