sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

POEMAS DO DESESPERO - MORRIA, JÁ ANTES DE VIVER, MORRIA




Chorava, já antes de nascer chorava
Sofria, já antes de nascer sofria
Contava, já o meu tempo contava
Morria, já antes de viver, morria

Sabia, no instante de ser gerado
Que, um dia, a ser pó voltaria
E como tudo o que nasce, limitado
Sabia, desde logo, que acabaria

E sem nunca ter sido ouvido
Mas certo de que me aceitaria
Porque a não vir era perdido
O milagre que me caberia

E mesmo com um destino traçado
E com um fim que era sabido
E brotando inocente e condenado
Sei o assombro de ser concebido

E cuidando saber que entendi
E porque creio no poder da razão
Pelo que a vida me fez, aprendi
Que não sou acaso, sou missão


E porque estou certo do motivo
E do Mistério de eu ter que ser
Sou, em cada dia em que vivo
Renasço, enquanto amanhecer





    PENSAVA, JÁ ANTES DE NASCER, PENSAVA
    ESCOLHIA, JÁ ANTES DE VIVER, ESCOLHIA
    ESPERAVA UMA MÃE, QUE JÁ ME ESPERAVA
    PREVIA,  PELO QUE IRIA PASSAR, PREVIA