domingo, 12 de dezembro de 2010

O CAMINHO DA INFELICIDADE


O CAMINHO   DA INFELICIDADE






Vivemos numa época em que pensamos saber tudo. Tantos iluminados nos rodeiam, explicando tudo sobre tudo. O conhecimento e o saber terminou neles. E nós acreditamos. E depois temos doenças que nos minam e uma vida cada vez mais agitada e que parece ter perdido o sentido. ISTO TORNA-NOS INFELIZES.  Acontecem fenómenos, com alguns de nós, que nos marcam a vida. Mas por não serem passíveis de ser explicados pela ciência actual são considerados, pelos tais iluminados, como alucinações. Não serão eles os alucinados, por pensarem que não existe mais nada para se descobrir nos próximos séculos? É gente deste tipo, pouco humilde, e em quem confiamos sem os pôr em causa, que contribuem para a nossa infelicidade. Deveriam ser políticos. Assim, já não nos enganavam porque já saberiamos quem são.

Vivemos no ano de 2010. Receia-se, na Europa, a catástrofe económica para alguns países, que viveram acima das suas possibilidades durante décadas. São os Estados, as famílias e as empresas totalmente endividadas. Os jovens com futuro sombrio. As pessoas são infelizes. O que fazer? A este ano de 2010 retiremos um zero. Estaremos no ano 201. Foi há cerca de 1.800 anos. O que sabemos das pessoas que viveram nesse ano?

Que se divertiam nas arenas, com gladiadores, cristãos e leões. Que morriam por tudo e por nada. Não havia antibióticos, nem sequer os medicamentos mais simples. Mas também não havia rádio, televisão, automóveis, telemóveis. Viviam em habitações sem água corrente, sem casas de banho. Nem havia electricidade. Nem frigoríficos. Mas já, nessa altura, havia uns quantos que pensavam saber tudo.  Ao nosso ano de 2010, acrescentemos um zero. Saltaremos no tempo até 20100. São 18.000 anos. QUE IRÃO AS PESSOAS QUE SE SEGUIRÃO A NÓS, ATÉ ÀQUELE ANO, PODER APRENDER SE, UNS QUANTOS DE NÓS, PENSAM QUE SABEM EXPLICAR TUDO? NÃO SERÁ MELHOR ASSUMIR A NOSSA IGNORÃNCIA E DEIXAR ALGUMA COISA PARA, OS QUE  VIVEREM DEPOIS DE  NÓS, PODERE VIR A DESCOBRIR? Que dirão, nessa altura, as pessoas de nós, os que vivemos agora? Que existiam bombistas suicidas, que lançaram aviões, carregados de gente inocente, contra edifícios. Que houve campos de extermínio como Auschwitz. Que viviamos afogados em dividas, consumindo desenfreadamente. E que quem nos levou a consumir assim, ganhou imenso dinheiro com isso, tornando-nos escravos deles e de muitas coisas que nos levaram a comprar e que não necessitávamos. Que devastamos a natureza e não respeitamos os animais. E que passávamos tanto tempo em brutais filas de trânsito. Poluição, ansioliticos, depressão, alienados pela televisão, fome, guerras,drogas,exploração sexual de milhões de mulheres e crianças, mortes na estrada. E que tal como há 2.000 anos, há ainda quem goste de ir a touradas (arenas na antiguidade), ver sacrificar animais .E quem ganha por nos fazerem acreditar que alguns de nós, são mesmo gente que sabe tudo de tudo? Nem eles mesmos, porque se estão a enganar a si próprios. Quem não conhece uns quantos que se pavoneiam, no alto da sua presunção ? Valha-nos que há sempre alguém, humilde no seu comportamento e que, realmente, sabe qualquer coisa. Mas que, sabendo que o que sabe é pouco, procura saber mais. É a estes que devemos tantas descobertas .TUDO O QUE SABEMOS , É SEMPRE RELATIVO À FASE EM QUE VIVEMOS. Imaginemos que conhecíamos hoje algumas técnicas que existirão no tal ano de 20100. O que fariam com elas, gente como Bin Laden, Norte-coreanos , Iranianos e outros? Será que não estamos autorizados a saber mais do que sabemos, hoje? Aumentar o nosso conhecimento, pausadamente, dá motivação à nossa espécie. Se já soubessemos tudo, era a monotonia e a depressão. Por isso, como são ridiculos os tais pavões. Disse Epicuro, nascido em 341 antes de Cristo:" Comporta-te sempre como se alguém te observasse" . Não necessito que alguém me observe para mudar o meu comportamento. E sabendo que pouco sei, gosto de aprender. Mas não posso perder tempo. E muito menos desperdiçá-lo com imbecilidades que alguns criaram para nos distraír, com as quais eles mesmos não se distraem. Mas que lhes rende muito dinheiro. À custa do tempo, unico, de tantos.  Como conhecem bem o ditado: tempo é dinheiro. O TEMPO QUE FAZEM PERDER, A TANTOS, É DINHEIRO PARA ELES. Sucede que, esses mesmos, quando dão por si, acabouse-lhes o tempo. Desperdiçado em festas, recepções, jantaradas regadas a alcool e drogas, noitadas ,etc. Vai-se esgotando a areia à sua ampulheta. Avançou o seu relógio biológico. E não deram por isso. Quem com ferro mata, com ferro morre.
                                                             
                                                                      I

                                           CUIDAMOS APENAS DO  O CORPO

Somos mortais com um tempo limitado para deixar a nossa contribuição à nossa espécie, a Humanidade e à casa onde habita, o planeta Terra, que também pertence a todos animais, que necessitam do reino vegetal, o seu habitat, para sobreviverem. E que fazemos, porque a maioria o faz? Pensamos apenas no momento e todos os meios são bons para nos preocupar apenas com aquilo que vai desaparecer, o nosso corpo. Tantos crimes se cometem porque apenas nos preocupamos a satisfazer os nossos instintos e a procurar apenas a satisfação pessoal. Depois o corpo envelhece, morre, e todo o nosso investimento se desfaz sob cinco palmos de terra. Há muito que percebi que, para começar a dar algum sentido à minha vida, teria que pensar e agir ao contrário da maioria. Visitei, um dia, um matadouro (como há gente que consegue ter uma profissão que consiste em aniquilar, diáriamente, tantos seres vivos?) e percebi que não há um unico animal que goste de ser morto. Pressentem que vão ser mortos e choram, à sua maneira. Não se podem defender da bestialidade humana. Não têem meios. Se fosse vontade de Deus que os animais servissem para ser mortos porque razão eles se defendem e, aqueles que podem, tentam fugir e escapar da bestialidade Humana? A MINHA EXISTENCIA NÃO DEVERIA IMPLICAR O FIM DA EXISTENCIA DE OUTROS SERES VIVOS. Esta descoberta ajudou-me imenso. Se não posso inventar nada, pelo menos, tento não destruir nem espalhar sofrimento. Passei a ter a consciencia mais tranquila. Estará correcto chegar-se ao fim da vida e dizer: tratei-me bem. Devorei 500 porcos, 50 cabras, 1000 galinhas , 20 vacas que foram abatidos contra sua vontade e quase sempre com uma existência marcada por maus tratos. Se é para matar, que importa? Nunca nos preocupamos como é que as coisas aparecem no nosso prato. É como alguma gente que não tem vergonha de usar casacos de peles. O cúmulo da estupidez.


                                                                            II

                                                    UMA HISTÓRIA VERDADEIRA


Passo algum tempo, no intervalo das minhas viagens, numa pequena aldeia a 230 Kms de Lisboa. Há ainda duas ou três pessoas que têem rebanhos ou alguns animais em currais. Há pouco tempo, no interior de um desses currais, fechou-se uma porta, talvez devido à acção do vento. Ficou de um lado uma cabra e do outro o seu filhote, um cabritinho. Sucede que a proprietária foi passar dois ou três dias a Lisboa. Não se encontrava lá, portanto, e não teria previsto que a tal porta se fechasse. Era tal o desespero da mãe e do filho que um idoso habitante se comoveu e me pediu que saltasse por uma abertura perto do telhado. Assim o fiz e quando abri a porta que separava aqueles dois seres vivos, foi espantosa a alegria que percebi, tanto na mãe como no cabritinho. Tudo se acalmou e eu senti, também, uma imensa alegria. Pouco tempo depois roubaram o filhote à mãe, mataram-no e devoraram-no, para celebrar a Páscoa ou o Natal, não sei precisar. Imagine-se o sofrimento da mãe. As pessoas a cujo prato chegou o cabritinho, não souberam, nunca quererão saber e até se irritam que alguém lhes faça saber como são as coisas. É nos campos que se vê o sofrimento que se provoca aos animais, quando se lhes rouba os filhos. As mães choram, dias a fio, deseperadas, à procura deles. Levam pancada dos pastores, ainda por cima. O amor de mãe não é exclusivo do ser humano . Que crueldade. Que ignorância. A maioria aproveita-se, sempre, do trabalho sujo de outros. Não seriam capazes de matar o cabritinho, mas devoram-no com todo o prazer. OUTRO MOTIVO DA NOSSA INFELICIDADE É QUE COMETEMOS MUITAS ATROCIDADES, DAS QUAIS, INCONSCIENTEMENTE, TEMOS NOÇÃO. PORQUE A MAIORIA AS COMETE , OU PORQUE É TRADIÇÃO. Por agir ao contrário, sinto-me melhor, comigo mesmo, com os animais e com a natureza.
Sou menos infeliz e sou consciente.
                                                                  
                                                               A ILUSÃO
Vou recuar até aos meus tempos de escola. Como era bela a Filomena. Tínhamos oito anos. E a nossa professora. Que graça infinita. Teria uns trinta, talvez. Não havia televisão, mas a publicidade, na imprensa e cartazes de rua, servia-se de rostos de atraentes jovens, para promover tabaco, automóveis e bebidas. E no cinema? Era a Brigitte Bardot, a Elizabeth Taylor, e muitas outras. Que é feito de todas aquelas pessoas, cheias de juventude e beleza? As da minha idade, naquele tempo, se estiverem vivas terão, no mínimo, cinquenta e sete anos. Estarão doentes, obesas? Não sei, porque nunca mais as vi. Todas as pessoas que encontrámos, nas diferentes fases das nossas vidas, e que tinham mais ou menos a nossa idade, ou morreram, ou padecem de doenças várias e problemas de todos os tipos. Certo é que, os sobreviventes caminham, a passos largos, para a velhice. Ninguém permaneceu criança ou jovem. Volto aos dias de hoje. Somos bombardeados com publicidade, como sempre. É tudo ilusão. Os produtos publicitados evoluíram e surgiram outros que nunca imaginei, naquele tempo, que viessem a existir, como telemóveis e computadores portáteis. Mas, e as pessoas que, naquele tempo, reclamavam o nosso olhar e que anunciavam tais produtos? Ainda me recordo de alguns daquelas belas mulheres. Como eu tinha oito anos e elas teriam cerca de trinta, estando vivas, terão cerca de oitenta! Mas continuamos a admirar belas mulheres, na mesma tarefa de propagandear produtos. E, muitas vezes, em cartazes que ainda estão nos mesmos locais. O que mudou? Os rostos é que são outros. Que também serão substituídos, mais dia, menos dia. Vai acontecer a estes belas mulheres o mesmo que àquelas que eu admirei em criança. Olhamos à nossa volta e vemos tanta juventude e beleza, como também havia nos nossos tempos de jovens. Tudo isto é à vez. Os jovens de hoje, que olham para os mais velhos com sobranceria, arrogância e, por vezes, desprezo, não percebem que estão a fazer a mesma viagem, a da vida. Que tem fases boas e más. E que, um dia, acaba. Eu, em relação a todos eles, apenas viajo umas quantas carruagens de comboio, mais à frente. Só que me foi dada a oportunidade de já ter passado por mais estações e já ter visto, e aprendido, mais do que eles. Eu já parei nessas estações. E eles nem garantia têm de o vir a fazer. E até duvido que tenham mais energia e objectivos traçados do que eu. Em conclusão, devemos dar graças por, pelo menos, já termos percorrido todo este caminho. Muitos daqueles com quem fomos convivendo ao longo do tempo não tiveram essa oportunidade. Essa ideia de que tudo é novo e bonito. De que os mais velhos são feios, desnecessários, um peso morto, comparados com a juventude cheia de alegria (tudo encenado), que nos entra pelos televisores ou que vemos nos cartazes de rua e nos cinemas, essa comparação pode provocar angustia e depressão em muita gente. Ilusão. Volto a repetir que isto é tudo uma questão de substituição de gerações.

CONTINUAREI , mesmo que ninguem me leia, porque não convém pôr em causa o que a maioria faz? QUANDO ALGO ERRADO É FEITO POR MUITOS, PASSA A ESTAR CORRECTO. PERDI MESMO A PACIÊNCIA PARA CONTINUAR  A TENTAR ESCREVER PARA CALHAUS COM DOIS OLHOS.