segunda-feira, 8 de março de 2010

POEMAS DO DESESPERO - DORES, LÁGRIMAS, AFLIÇÃO



Perdi-te, de madrugada,
Tragado pela emoção.
Já é longa a nossa estrada
E apelando à imaginação
Procuro, em vão, uma escada,
Servia até um bordão,
Que evite a derrocada,
Que afaste a solidão,
Que é uma ameaça velada,
Prenúncio de devastação.
É a derrota anunciada,
Meu estandarte jaz no chão,
Abandonado na retirada,
Já não induz à exaltação.
Aconteceu a emboscada,
Foi, apenas, alucinação ?
Cavalgada desenfreada,
Destrói o meu coração.
Semeia, a desgraçada,
Dores, lagrimas, aflição.
E parece não haver nada,
Que acalme o furacão,
Que detenha a enxurrada.
Já deu fruto a depressão
Em que está mergulhada,
Minha mente em ebulição.
Pesadelos à desgarrada
Em noites de inquietação,
A face transtornada
Em dias de agitação.
É a tensão elevada,
O aumento da pulsação.
Aguardo a estocada,
Está ao rubro a emoção.
Num ápice vejo a espada
E sustenho a respiração,
Passarei do tudo ao nada,
Findará toda a acção.
Ultima folha virada,
Ensaio uma oração,
É a alma desesperada
Em busca da redenção.
E a vida, desaproveitada,
Resumo-a, numa fracção.
Mas eis que, vinda do nada,
Oh ! que fantastica visão.
É o teu rosto de fada
Com minha alma na mão.
É a vida ressuscitada
Pela tua vara de condão.
É a paz reencontrada,
É o retorno à ilusão.
Nos braços da minha amada
De tudo perco a noção.
São a tranquila enseada,
Ela é, da vida, a razão.