Já as trevas me conquistam
Soam já trombetas de morte
Pois meus olhos já não avistam
A Estrela apontando o norte
Porque eles foram cegados
Não comprovam a luz do dia
Ao verem-se dilacerados
Pelos olhos de "Melancolia"
Foi na praia da Saudade
Areias de Portugal
Que a vi, a divindade,
Errando naquele areal
Estes versos de desalento
Que no meu Outono componho
Descrevem o encantamento
Jamais sentido, nem em sonho
Ou serão versos de Primavera
Levada na lágrima tardia
Furtiva, porque quisera
Não a verter nesse dia
Tarde de Estio, resplandecente,
Até ao instante da aparição
Que confundiu, prepotente,
O ciclo de cada Estação
Porque a Deusa, cintilante,
Na Lusa costa irrompeu
Anulando o Verão escaldante
Pois também ele cedeu
Porque a mais bela das sereias
Que, fora do mar, nunca houvera
Abrasando aquelas areias
Acendeu a mecha da guerra
E até o Sol, estarrecido
Esquecendo a sua missão
Enfraqueceu, derretido
Perante aquela visão
E cometas se desviaram
Da sua órbita ancestral
Enamorados, espreitaram
Entrando em rota letal
E as Galáxias que divagavam
Para lá do alcance das mentes
Ciumentas, se aproximavam
Semeando o pânico nas gentes
E os vulcões de outras Eras
Que descansavam, adormecidos
Com a violência de mil feras
Acordaram, enlouquecidos
E desfruindo do desalinho
E falindo a lei da atracção
A Lua elege um caminho
E escapa da escravidão
E ante a ameaça eminente
De derrocada universal
Acorre aquele Continente
Que se julgava irreal
E das profundezas marinhas
Onde há milénios repousava
De um coro de sereias rainhas
Um cântico, à praia, chegava
Um canto, um hino de dor
Um choro, um lamento profundo
Fora fecundado por um amor
Há muito extinto no mundo
E um gigantesco turbilhão
Se giza nas águas do mar
É a Atlântida, em emersão
Ajoelho no solo, a rezar
Fauna e flora estranhas
Uma atmosfera inaudita
Imagens áureas, tamanhas
Um arco-íris que se agita
Palácios em oricalco
E o templo a Poseidão
Canais e pontes, o palco
Narrado por Platão
E sereias, apenas sereias
Se divisavam no horizonte
Nas torres e nas ameias
Abraçando cada fonte
E do canto que entoavam
Em sedutora harmonia
Uma palavra sublinhavam
Era um nome, " Melancolia "
“Melancolia, Rainha primeira
Do teu engano desperta
Nossa guia, timoneira
Desse areal deserta.
Procuras os marinheiros
Que por ti se enfeitiçaram
Os intrépidos pioneiros
Que os mares já dominaram?
Dos navegantes e caravelas
Em que se faziam à aventura
Não resta mastro nem velas
Nem tão pouco a sepultura
Nem carracas, nem galeões
Nem Cabral, nem o Infante
Nem mosquetes ou canhões
Nem astrolábio ou quadrante
Já não reina D. João Segundo
Nem a Ínclita Geração
A ética repousa no fundo
Dos mares da depravação
Não verás armaduras ou espadas
Condestáveis ou almirantes
Não navegam quaisquer armadas
Sem bússola, os governantes
Não mareia barca ou barinel
Só verás crapulosos pragmáticos
Sujando os legados de D. Manuel
Dos cartógrafos e matemáticos
A madeira e cordame das naus
Que levaram Portugal ao Japão
Serviram nas forcas e degraus
Das fogueiras da Inquisição
Não verás portulano ou padrão
Duelo, conquista, tomada.
Mas o magistrado poltrão
E a juventude extraviada.
Aí só escutarás lamúria
E gente desgovernada
Manipulada e na penúria
Temerosa, acomodada”
E o olhar da céptica Rainha
Voa da realidade, fugindo
E nos olhos da face minha
Pousam, a verdade exigindo
Denotando tal tristeza
Que nunca ousara imaginar
Dobravam a sua beleza
Que nem sei como narrar
E no seu olhar perscrutando
E nas lágrimas que se libertavam
Vi o Adamastor triunfando
E caravelas que se afundavam
E vendo a vergonha que ostento
Em meu rosto padecido
Deixou escapar um lamento
O mais tocante gemido
E antes de tornar ao mar
Escapando da afronta sofrida
Pune-me, num derradeiro olhar
Deixando-me de visão perdida
Mas tendo a Lua partido
Das marés, a Terra privando
E vendo meu povo dormido
E o futuro dos seus minando
E sabendo que não há Luar
Nem nada porque me bater
Se nada me poderá inspirar
Apenas me restará sofrer
E se o Luso, na História vomita
E se não diviso a Estrela do Norte
Já a escuridão me conquista
Soam já trombetas de morte
ENTRETANTO, EM TERRA DE TUGA, UMA NOVA IDEOLOGIA FOI INVENTADA: O TUGANISMO. DERRETEU TODOS OS OUTROS ISMOS ( FASCISMO, NAZISMO, COMUNISMO, SOCIALISMO, CRETINISMO, OPOTUNISMO, CHICO-ESPERTISMO, ETC. ). CONSISTE NO SEGUINTE: BANDOS DE LADRÕES SALTAM DO GOVERNO PARA O PARLAMENTO E DO PARLAMENTO PARA O GOVERNO, DURANTE DÉCADAS. LEVAM AS PESSOAS AO SUICIDIO E À IMIGRAÇÃO FORÇADA. ESSES TERRORISTAS FORAM ESCOLHIDOS PELOS TERRORISTAS QUE DOMINAM AS CONCELHIAS E DISTRITAIS. SÃO ESTES DELINQUENTES QUE ESCOLHEM OS DEPUTADOS E O CHEFE DO PARTIDO, FUTURO PRIMEIRO MINISTRO
O TUGANISMO EM ACÇÃO |
MATERIAL DESTINADOS A TODOS AQUELES QUE LEVAM A DESGRAÇA, A FOME E A MISÉRIA A TODO UM POVO. O AZAR É QUE, POR CADA FILHO DA PUTA QUE MORRE, HÁ 10 À ESPERA PARA O SUBSTITUIR |
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