Cintila, no horizonte
O teu corpo de menina
E tua boca, minha fonte
De água pura, cristalina
Dos teus lábios jorrando
Assim clara, transparente,
Vai meus males curando
Levado vou, na torrente
E quando forma cascatas
Nelas me renovo, banhando
E por vezes, em cataratas
Multidões vai encantando
E por belos vales correndo
Tantos países atravessando
Todos eles, agradecendo,
Centos de flores, lançando
E as terras fertilizando
Adoça e perfuma as margens
Os terrenos férteis ficando
Tão belos como miragens
E a seu lado, pastagens
Por bosques são salpicadas
Por aí correm aragens
E pastam, calmas, manadas
Aqui e ali ziguezagueando
Escavou um leito profundo
Em tuas aguas se vão lavando
Todas as magoas do mundo
E tanto serpenteou
Que assim vai até ao Mar
Tão belas telas pintou
Num cenário de encantar
E por fim, chegada à Foz,
O Mar te abre os seus braços.
E cantam, a uma só voz,
Enquanto trocam abraços.