Teu rosto é belo, até na dor,
Senhora minha, dama prendada.
Mas que fazer, se ele se for?
Se o amor partir, em debandada?
Escuta esta prece, dama formosa,
Serena teu coração infeliz.
Chorarei, se te vir chorosa,
Sorrirei, se para mim, sorris.
E bem para lá do firmamento,
Em terras que só Deus conhece.
Escutem bem este lamento,
E acompanhem a minha prece.
É auxilio que Lhe peço, agora,
Quero encontrar meu caminho.
E que apazigúe esta hora,
E que me indique o meu ninho.
Só que meu barco ancorado,
Por pouco, não enferrujou.
Tem o casco danificado,
Recuou o Mar e ele encalhou.
Remendada é já a vela,
À cautela, porei motor.
Serei como a Barca Bela?
Despertarei do torpor?
Serei pecador, é pecado?
Por querer apenas zarpar?
Quiçá, sairei naufragado,
Mas quero partir, navegar.
É que, um dia, ela vai chegar,
Virá a morte, infame, teimosa.
Está tardando, tardo em achar,
A rota do amor, esperançosa.
E se há tempo, que seja amado,
Amor adiado, quase perdido.
E que meu olhar, triste, magoado,
Seja, para sempre, banido.
E fatigado de me preocupar,
Mais com outros do que comigo.
Para mim falando, dei em pensar,
Estará certo o rumo que sigo?
É que temo, me falte a fé,
Que alimenta a minha fornalha.
E que me venha a encontrar, até,
A não enfrentar a mortalha.
E se estou certo para onde balança,
Todo o bem que tento ou faço.
Resta-me ainda a esperança,
De marcar bem a rota que traço.