quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

POEMAS DO DESESPERO - O CANTO DA ALMA ( A SEREIA )




Já as trevas me conquistam
Soam já trombetas de morte
Pois meus olhos já não avistam
A Estrela apontando o norte

Porque eles foram cegados
Não comprovam a luz do dia
Ao verem-se dilacerados
Pelos olhos de "Melancolia"                                         

Foi na praia da Saudade
Areias de Portugal
Que a vi, a divindade,
Errando naquele areal

Estes versos de desalento
Que no meu Outono componho
Descrevem o encantamento
Jamais sentido, nem em sonho

Ou serão versos de Primavera
Levada na lágrima tardia
Furtiva, porque quisera
Não a verter nesse dia

Tarde de Estio, resplandecente,
Até ao instante da aparição
Que confundiu, prepotente,
O ciclo de cada Estação

Porque a Deusa, cintilante,
Na Lusa costa irrompeu
Anulando o Verão escaldante
Pois também ele cedeu

Porque a mais bela das sereias
Que, fora do mar, nunca houvera
Abrasando aquelas areias
Acendeu a mecha da guerra

E até o Sol, estarrecido
Esquecendo a sua missão
Enfraqueceu, derretido
Perante aquela visão

E cometas se desviaram
Da sua órbita ancestral
Enamorados, espreitaram
Entrando em rota letal

E as Galáxias que divagavam
Para lá do alcance das mentes
Ciumentas, se aproximavam
Semeando o pânico nas gentes

E os vulcões de outras Eras
Que descansavam, adormecidos
Com a violência de mil feras
Acordaram, enlouquecidos

E desfruindo do desalinho
E falindo a lei da atracção
A Lua elege um caminho
E escapa da escravidão

E ante a ameaça eminente
De derrocada universal
Acorre aquele Continente
Que se julgava irreal

E das profundezas marinhas
Onde há milénios repousava
De um coro de sereias rainhas
Um cântico, à praia, chegava

Um canto, um hino de dor
Um choro, um lamento profundo
Fora fecundado por um amor
Há muito extinto no mundo

E um gigantesco turbilhão
Se giza nas águas do mar
É a Atlântida, em emersão
Ajoelho no solo, a rezar

Fauna e flora estranhas
Uma atmosfera inaudita
Imagens áureas, tamanhas
Um arco-íris que se agita 

Palácios em oricalco
E o templo a Poseidão
Canais e pontes, o palco
Narrado por Platão

E sereias, apenas sereias
Se divisavam no horizonte
Nas torres e nas ameias
Abraçando cada fonte

E do canto que entoavam
Em sedutora harmonia
Uma palavra sublinhavam
Era um nome, " Melancolia "

“Melancolia, Rainha primeira
Do teu engano desperta
Nossa guia, timoneira
Desse areal deserta.

Procuras os marinheiros
Que por ti se enfeitiçaram
Os intrépidos pioneiros
Que os mares já dominaram?

Dos navegantes e caravelas
Em que se faziam à aventura
Não resta mastro nem velas
Nem tão pouco a sepultura

Nem carracas, nem galeões
Nem Cabral, nem o Infante
Nem mosquetes ou canhões
Nem astrolábio ou quadrante

Já não reina D. João Segundo
Nem a Ínclita Geração
A ética repousa no fundo
Dos mares da depravação

Não verás armaduras ou espadas
Condestáveis ou almirantes
Não navegam quaisquer armadas
Sem bússola, os governantes

Não mareia barca ou barinel
Só verás crapulosos pragmáticos
Sujando os legados de D. Manuel
Dos cartógrafos e matemáticos

A madeira e cordame das naus
Que levaram Portugal ao Japão
Serviram nas forcas e degraus
Das fogueiras da Inquisição

Não verás portulano ou padrão
Duelo, conquista, tomada.
Mas o magistrado poltrão
E a juventude extraviada.

Aí só escutarás lamúria
E gente desgovernada
Manipulada e na penúria
Temerosa, acomodada”

E o olhar da céptica Rainha
Voa da realidade, fugindo
E nos olhos da face minha
Pousam, a verdade exigindo

Denotando tal tristeza
Que nunca ousara imaginar
Dobravam a sua beleza
Que nem sei como narrar

E no seu olhar perscrutando
E nas lágrimas que se libertavam
Vi o Adamastor triunfando
E caravelas que se afundavam

E vendo a vergonha que ostento
Em meu rosto padecido
Deixou escapar um lamento
O mais tocante gemido

E antes de tornar ao mar
Escapando da afronta sofrida
Pune-me, num derradeiro olhar
Deixando-me de visão perdida

Mas tendo a Lua partido
Das marés, a Terra privando
E vendo meu povo dormido
E o futuro dos seus minando

E sabendo que não há Luar
Nem nada porque me bater
Se nada me poderá inspirar
Apenas me restará sofrer

E se o Luso, na História vomita
E se não diviso a Estrela do Norte
Já a escuridão me conquista
Soam já trombetas de morte 





ENTRETANTO, EM TERRA DE TUGA, UMA NOVA IDEOLOGIA FOI INVENTADA: O TUGANISMO. DERRETEU TODOS OS OUTROS ISMOS ( FASCISMO, NAZISMO, COMUNISMO, SOCIALISMO, CRETINISMO, OPOTUNISMO, CHICO-ESPERTISMO, ETC. ). CONSISTE NO SEGUINTE: BANDOS DE LADRÕES SALTAM DO GOVERNO PARA O PARLAMENTO E DO PARLAMENTO PARA O GOVERNO, DURANTE DÉCADAS. LEVAM AS PESSOAS AO SUICIDIO E À IMIGRAÇÃO FORÇADA. ESSES TERRORISTAS FORAM ESCOLHIDOS PELOS TERRORISTAS QUE DOMINAM AS CONCELHIAS E DISTRITAIS. SÃO ESTES DELINQUENTES QUE  ESCOLHEM OS DEPUTADOS E O CHEFE DO PARTIDO, FUTURO PRIMEIRO MINISTRO


O TUGANISMO EM ACÇÃO

MATERIAL DESTINADOS A TODOS AQUELES
QUE LEVAM A DESGRAÇA, A FOME E A MISÉRIA
A TODO UM POVO. O AZAR É QUE, POR CADA FILHO
DA PUTA QUE MORRE, HÁ 10 À ESPERA PARA O SUBSTITUIR



POEMAS DO DESESPERO - PRINCESAS, POETAS, SEREIAS ( RAINHAS, FADISTAS, HISTÓRIA)




SENHOR! AJUDA-ME A SUPORTAR A BANDIDAGEM.
SENHOR! DÁ A MÃO AO MEU POVO, À MINHA PÁTRIA.
SENHOR! COMO PERMITES QUE ISTO ACONTEÇA?
SENHOR! ACORDA A MINHA GENTE.
SENHOR! E O FUTURO DAS CRIANÇAS?


Princesas, poetas, sereias
Rainhas, fadistas, História
Afundados nas areias
Dos desertos da memória.

E nas brumas do esquecimento,
Jazem no túmulo, sem glória,
Aqueles que em seu momento,
Incitavam o povo à vitória.

E o sangue que em suas veias,
Fervia e arrasava montanhas
Secou, emaranhado nas teias,
Tecidas por vorazes aranhas.

Chorai, chorai, idas musas,
Que já não vivem inspirados.
Por vós, cantadas Lusas,
Já não há quem cante fados.

Rezai conquistadores, rezai,
Recolhei a tristes conventos.
Implorai a Deus, suplicai,
Que faça soprar novos ventos.

Ventos de verdade e honradez,
Que do solo pátrio varram,
A perversidade e a cupidez,
Dos que a Pátria arruinaram.

A impunidade e a malvadez dos nossos governantes provocam-me vómitos. Com as panças cheias de mordomias conquistadas à custa de vigarices e apoiados por um aparelho de Estado que eles próprios montaram e defendidos por uma justiça zimbabueana (pior aqui, porque são mais partidos e lá é só um), não têm escrúpulos, nem sabem o que isso é. Cortaram em pensões e hospitais. Retiraram o abono de família. Mas não tocaram nas centenas de milhares de correligionários que colocaram nas autarquias. Nunca trabalharam. Apenas são vaidosos. E desprovidos de princípios. Mas anafados de incompetência, maldade e arrogância. As imagens que se seguem foram captadas por mim quando ia apenas a passar.
Roubam-se turistas e pobres portugueses porque os que se apoderaram da Câmara de Lisboa insistem em não colocar câmaras de vigilância. Porque não querem ser vistos a entrar num quarto de hotel com a amante, mulher de um dos seus subordinados. Ou porque não querem que os seus filhotes sejam filmados a comprar droga em Santa Catarina. Ou eles próprios. Se fossem fazer um rastreio de drogas e álcool nos tribunais, parlamento e autarquias, quantos seriam apanhados? Julgo ter sido em Itália (minhas desculpas, se me estou a enganar no país) que, há já alguns anos, foi feito um rastreio aos deputados. Descobriram que 28 consumiam drogas. Aqui, leis que são fabricadas à medida e sentenças (ou ausência delas) parecem indicar haver sinais de cocaína por trás dessas decisões. Ou são combinadas nas discotecas. Onde todos se encontram, pedrados ou bêbados. Querem lá eles saber que outros sejam assaltados. Se eles próprios roubaram toda a vida. Meu pobre país. Saqueado, já vive da ajuda externa. Apelo, aqui e agora, à troika. Antes de emprestarem mais dinheiro, que parte dele só serve para alimentar esta escória, façam uma limpeza na justiça, nas autarquias e convençam os cidadãos a construírem novos partidos, ilegalizando os atuais. Há 37 anos que de tudo se apoderaram. Quem tem mérito é obrigado a emigrar. Os patifes colocam desde o coveiro ao presidente da Câmara. Que me desculpem os 5 autarcas que sei serem gente boa e honesta. E alguns da justiça que falam mas não os escutam. As pessoas querem é futebol. Um dia destes não há futuro. Nem dinheiro para uma bola de futebol. Mas os patifes, os que provocaram este desastre, já têm o produto do seu saque a salvo. Em paraísos fiscais. Nero, o sanguinário imperador romano, mandou matar a mãe. Depois matou, ele mesmo, a primeira e segunda mulher. Esta última, a pontapé. E estava grávida. Mandou incendiar Roma e culpou os cristãos. Depois falsificou dinheiro e, descoberto, fugiu para a Grécia. Acabou por pedir que o matassem. Ele não foi capaz de se suicidar. O problema de Nero foi que, naquele tempo, não havia paraísos fiscais. Claro que os nossos patifes não se irão suicidar. Mas quantos suicídios já provocaram? Vão-se embora, patifes. Vão gozar o produto do vosso saque. Ainda não chega? Muitos de vocês estão entrincheirados no parlamento. Protegidos do povo a quem roubaram. Por polícias pagas pelo povo. Curioso: protegem-se os ladrões com polícias pagos pelas vítimas dos ladrões.

Senhores políticos.  Vocês fizeram as leis para proteger os crimes dos vossos camaradas( pedófilos ou não). Leis cozinhadas ao milímetro, com a ajuda dos vossos comparsas dos grandes escritórios de advogados.
Será que o mafioso Proença do Baralho pensa que é imortal? Que o devore, lentamente, um ou mais cancros. Esse filho da puta é capaz de subornar o próprio cancro. Ou pagará a quem roube, para lhe ser transplantado, um órgão vital. Será a uma criança do terceiro mundo 
VOCÊS SÃO OS VERDADEIROS CRIMINOSOS. ESCONDEM-SE NO PARLAMENTO E ESTÃO PROTEGIDOS POR POLÍCIAS QUE DEVIAM ESTAR A PROTEGER INOCENTES E NÃO BANDIDOS COMO VOCÊS.
Tanta gente desesperada. VOCÊS NÃO SABEM E NÃO QUEREM SABER, ENTRETIDOS COM AS VOSSAS NEGOCIATAS. VIVEM EM CONDOMÍNIOS FECHADOS, BEM PROTEGIDOS DOS OUTROS LADRÕES.
O POVO QUE VOS PAGA É ROUBADO POR VOCÊS E PELOS OUTROS LADRÕES QUE TAMBÉM BENEFICIAM  DAS LEIS FEITAS PARA PROTEGEREM OS VOSSOS CRIMES. HÁ IDOSOS QUE SÃO ESPANCADOS ATÉ À MORTE, NAS SUAS HUMILDES CASAS. VOCÊS, POLÍTICOS, MAGISTRADOS, BANQUEIROS, ADVOGADOS FAMOSOS ( PROENÇA DO BARALHO, ETC ) E OUTROS CRIMINOSOS DE COLARINHO BRANCO, ESTÃO LIVRES DE VEREM O VOSSO PALACETE ASSALTADO. PORQUE VIVEM NOS TAIS CONDOMÍNIOS PRIVADOS, BEM PROTEGIDOS POR SEGURANÇAS. TUDO ISTO À CUSTA DO POVO A QUEM VOCÊS VÃO DERRUBANDO TODAS AS DEFESAS. NEM OS NAZIS ERAM TÃO FINGIDOS. ELES MOSTRAVAM O QUE ERAM. 


VERSO DEDICADO AOS "GOVERNANTES":

Patifes vestidos com as peles,
De cordeiros que devoraram.
Vocês são infames, são reles,
Minha Pátria destroçaram.

SENHOR! ENVIAI UM METEORITO.
SENHOR! PARA QUE MINHA PÁTRIA RENASÇA DAS CINZAS
SENHOR! PORQUÊ?
PORQUÊ, SENHOR?
SENHOR! JÁ NEM AS LÁGRIMAS DOS ANJOS NOS SALVAM.
SENHOR! PORQUE PERMITIS QUE EXISTAM "NEROS"?
EINSTEIN: O MUNDO É UM LOCAL PERIGOSO. NÃO POR CAUSA DE QUEM COMETE OS CRIMES,
MAS POR CAUSA DE QUEM OS PERMITE.

Os nazis, cometeram tantos crimes porque enganaram e manipularam o povo. Até que tantos se uniram para os banir. É o que se tem que fazer na minha Pátria. Expulsemos os nossos nazis que tantas vidas já destruíram.

DOMINGO, 8 DE ABRIL 
Acabei de assistir àquilo que nunca achei possível de ver na minha cidade. Dezenas de carteiristas romenas, disfarçadas de turistas, perseguem turistas japoneses. Esperavam por eles nas esquinas, misturavam-se com eles nas filas do elevador de Santa Justa e roubavam-nos. DESISTO
Eis o que se lê nas cartas de Londres, de EÇA DE QUEIRÓS: "Não há instrumento capaz de medir a espessura de estupidez Lusitana"
NÃO VALE A PENA CONTINUAR. CADA POVO TEM O QUE MERECE. A VIDA DE CADA UM É A MARCA QUE DEIXA NESTE PLANETA. UNS (O LIXO HUMANO E QUEM O PERMITE), NASCEM APENAS PARA TORNAR A VIDA INSUPORTÁVEL AOS OUTROS. 

POEMAS DO DESESPERO - AMOR AO VENTO


                               



Meu trigo está por ceifar
Em sonhos que semeei.
Minha seara loura a secar
Porque amar não ousei.
************************

Tardando o amor em chegar
E tanto que já esbanjei.
E sendo  tempo de amar
Ao vento, meu amor, lancei.
*************************

Tem o dom de se transformar
De minhas penas vai revestido
Tem semblante de arrepiar
E um coração estarrecido.
***************************

Silvará em aldeias e cidades
Planícies, montanhas e vales
Recorrerá a divindades
Tentando sarar seus males.
***************************

Leva em pergaminhos dourados
Tesouros de esperança escondida
Prantos, em versos inspirados
Rimas de ternura retida.
*****************************

Sem bússola para se orientar

Todos serão seu caminho
Seguindo a Estrela Polar
Encontrará seu cantinho.
*******************************

Irá sem rota, a vaguear                    
Por terras de que nem sei
Nem nome, nem como voltar
Mas se regressar, viverei.
*********************************

E sob a luz  do luar
Mais parece um fora-da-lei
Corre dia e noite sem parar
Mas se o fizer morrerei.
*********************************

Pressinto que deve andar
Em terras que não visitei.
Ou nas areias, à beira-mar
Onde sempre me refugiei.
*******************************

Nalguma morada estará

Em algum recanto a viver.
Aquela que me encantará
E irá meus dias encher.
*********************************

Estará presente nesta Era?

Terá existido no passado?
A ser assim, bem quisera
A poder ter ressuscitado.
********************************

Se estiver enclausurada

Em monótono Convento
Até aí será encontrada,
Pois lá soprará o vento.
*******************************

E ainda que esteja casada
E escrava, na humilhação
Juro que será libertada
E que pedirei a sua mão.
*******************************

Poderá estar internada
Em hospício, em reclusão
Pelo vento será curada
E cessará a alienação.
********************************

Está, talvez, em meditação
Nalguma ermida isolada.
Findará a solidão
Quedará acompanhada
*********************************

Se for a Bela Adormecida

Em profunda hibernação
Irá acordar para a vida
Com uma secreta oração.
*********************************

Mas se no futuro existir

Se aí seu tempo estiver
O vento irá lá sorrir
Fazendo o tempo ceder.
*********************************

E se o vento a encontrar

Aquela com quem sonhei
A boa nova me fará chegar
E como a recompensarei.
********************************

Todo me tenho para dar
Inteiro me oferecerei
Se o amor eu encontrar
Então sim, renascerei.
*******************************

E do tempo que restar

Prometo que desfrutarei
Será a paixão a reinar
Em cada dia a atearei.
********************************

E enquanto o Sol brilhar

Em fogo que atiçarei
Em noites de enregelar
Sua alma aquecerei.
*******************************

E da Terra lhe darei o Mar

De veleiros todo enfeitado
E com a brisa que soprar
Soará um hino inspirado
*******************************

Por sereias, será entoado

No coro peixes estarão
Por harpas acompanhado
Que anjos dedilharão.
*******************************

E que cantará a felicidade

Promessas de amor sem fim
Quem dera fosse verdade,
Antes que me vá de mim !




                                                              

POESIA DO DESESPERO - A BARCA DA ALMA





Na barca dos surdos lamentos
Delira minha alma embarcada
Habita seus últimos momentos
Nas margens da vida encalhada.

Entrincheirada na mudez
Não pensa nem liga a nada
Nem lhe importa a nudez
De ilusões despida, gelada.

No fim do meu rio, esgotada
Nas ondas se vai afogando.
Vai aguardando pelo nada
Que o nada já vem chegando.

Traz no porão reveses
Mágoas e sonhos perdidos.
Ainda soltou, por vezes
Não escutados gemidos.

E teimando, carregada
Recusa desencalhar.
Porque da carga alijada
Voltaria a navegar.

Mas tendo o casco decrépito
De pancadas das circunstâncias
Abdica sem grande estrépito
Vacila sem haver constâncias.

E aguarda, limita-se a estar
Obedece imóvel, indolente
Às vagas que vêm fustigar
A sua armação decadente.

E assim de maltratada
De mil impactos padecer
Será um dia esventrada
Em mil pedaços se desfazer.

E todas as suas mágoas
E penas de amor ausente
Se espalharão pelas águas
Vaguearão eternamente.

Mas talvez que em Nações
Por Mares e Oceanos cercadas
Se possam escutar orações
Se acaso forem encontradas.

E nos mares cheios de penas
Que boiando e se achadas
Que se alinhem, às centenas
Cânticos às almas danadas.

Odes aos tormentos sofridos
Pela minha alma espancada
Que suspenderá seus gemidos
E navegará por fim, libertada.






TODAS AS POESIAS QUE CONSTAM DESTE BLOG SÃO DE MINHA AUTORIA. SÃO UMA HOMENAGEM À MINHA IRMÃ. ERA UM ANO MAIS NOVA DO QUE EU. MORREU QUANDO CONTAVA SEIS ANOS DE IDADE. EU CONTAVA SETE. DESDE SEMPRE É ELA  O MEU ANJO DA GUARDA. É ELA QUEM ME INSPIRA.

POEMAS DO DESESPERO - PARA TI, AMOR





És a Pátria da emoção
Tu és o sopro da vida
A derradeira tentação
Na Via Láctea contida.

Tu és a última fronteira
Entre o divino e o mortal.
És a minha bandeira
O meu Espaço Sideral.

És a Aurora Boreal
Tu és a luz do luar.
Suave onda no areal
Tu és a Estrela Polar.

És o derradeiro suspiro
A minha energia vital.
És o ar que respiro
Meu cordão umbilical.

És o alimento do sonho
Que serena a minha mente.
És o meu porvir risonho
E dele serás a semente.

Do amor és padroeira
Tu és a pomba da paz.
Escutar Bach à lareira,
A estrela que a noite traz.

Tu és a fantástica visão
A ocorrência milagrosa.
A inesperada iluminação
O Éden, a pétala da rosa.

E em tua voz escutei,
A harmonia universal
Foi nela que me inspirei
Para um canto imortal.

És fonte de luz divina
Que me ofusca e inebria.
És o sonho que culmina
A ilusão que a mente cria.

Nas ondas do teu olhar
Me embalo e enterneço.
Nelas vivo a navegar
É nelas que adormeço.

Que laços nos unirão,
Foi o acaso a intervir?
Outras vidas se seguirão,
Voltarei eu a sorrir?

Terá sido a mão de Deus,
Foi Ele que nos juntou?
Estavas nos planos Seus,
Foi Ele que te enviou?

Terá sido para me inspirar,
Para isso te encontrei?
Para em versos expressar,
O quão encantado fiquei?

És a suprema inspiração
A celsa musa da História.
A mais doce alucinação
O estandarte da vitória.

E a poesia que dediquei
À Deusa que em ti vi.
E à fada que inventei
O tanto que já escrevi

Mas há forças invisíveis
Que venceram a emoção.
Barreiras intransponíveis
Bastou escutar a razão.

E o tudo se fez em nada,
E o nada tudo ocupou.
O tudo era a alvorada
E o tudo, o nada levou.

E pelo nada vencido
Tudo terei a perder.
E tendo tudo perdido
Tudo terei que temer.

Não me despeço da vida
Mas já morri para o amor.
Vi-o uma vez, de fugida
Restou o desalento e a dor.

Já não escuto guitarras
Nem é tempo de folia.
Oiço o cantar das cigarras
Parceiras da melancolia

Já anjos ouço cantar
Foi-se o tempo de viver.
Já escuto o dedilhar
Em harpas do anoitecer.

Findo o tempo de amar
Virá o tempo de morrer.
É tempo de definhar
Em doloroso envelhecer.

E caminho desamparado
De amor vazio, despido.
Ao relento, desabrigado
Ao vento do amor perdido.

Quem dera poder tocar
Os teus cabelos de ouro.
Quisera tua mão beijar
Supérfluo outro tesouro.

Terei toda a eternidade
É nela que repousarei.
Nada terei, nem saudade
Quem queria, nunca terei.

Para sempre chorarei
Jamais te irei procurar.
Mais novo, nunca serei
Mais velho, conto ficar.

Viva o tempo que viver
Sempre irei recordar.
Que um dia te pude ver
Que ousei tua mão tocar.

LA BANDIERA DELLA REALTÀ  UCCISO IL SOGNO, UCCISO L'ILLUSIONE

A Bandeira da realidade matou o sonho, matou a ilusão
 

O MEU SENTIDO PROÍBIDO


És meu sentido proibido
Viajo já em contramão.
O meu tempo está vivido
Tu tens futuro, eu não.

Por não amar pagarei
E o preço será elevado.
Teu amor nunca terei
Nunca, por ti, serei amado.

Meu tempo passou a correr
O teu também passará.
Tu tens tempo para viver
O meu, nem sei se haverá.

Mas no tempo que viver
Jamais estarei estagnado
Agitado, até morrer
Em sonhos, desesperado.

PARA A CLÁUDIA QUE, UM DIA, VI

POEMAS DO DESESPERO - AQUELA ESTRELA





Brotaste, tão a medo,
Bela flor do meu jardim                        
E vieste a morrer tão cedo
Padecendo, tanto assim.                           

Em silêncio te olhava
Com um desgosto sem fim.
Porque a doença minava
Teu rosto de querubim.

Parecias a dama velada
Que Rafael imortalizou
Pena que teu rosto de fada
Nunca ninguém o pintou

E já é tarde, como lamento
Não ter aprendido a pintar.
Mas pinto-o no pensamento,
E sempre o poderei retocar

E assim permanecerás bela
Sem a idade te pesar
A mais adorável tela
Que na morte quero levar

Errei pelos campos à toa
Em não crente me tornei.
Em mim tua voz ecoa
De onde parte, não sei.

E como ela era tão doce
E cada palavra um delírio
Em um segundo que fosse.
Sem a escutar, um martírio.

Se Camões te conhecesse
Por ti, perdido estaria
E talvez te engrandecesse
Em versos que te faria.

E como eras escultural
Miguel Ângelo te esculpiria
Teu lugar num pedestal
No Vaticano estaría.

E que grandiosa sinfonia
Beethoven te comporia.
O expoente da harmonia
Para a História passaria.

Mas esses teus olhos serenos
Cerraram-se ao fim da tarde.
E desde aí meus dias plenos
De tanta dor, de saudade.

Foi num dia de ventania
Foi quando me deixaste.
Ficou em mim a invernia
Por que não me levaste?

E em redor tudo estancou
E todas as fontes secaram.
Uma nuvem o Sol tapou
E os passarinhos choraram.

E partilhando a tristeza
Que de todos se apoderou
Um Anjo de tal beleza
A tua face beijou.

E uma águia imponente
Com penas de todas as cores
Pousa mesmo à tua frente
Trazendo no bico flores.

E de Scubert, a Avé Maria
Uma menina cantou.
Tal o pranto que corria
Da emoção que transbordou.

Aos Anjos todos do Céu
Aos Santos de cada Altar
Devolvam-me o que era meu
Acabem com este penar.

Mas numa noite de luar
Implorando a ajuda de Deus
Andando eu a vaguear
Viro os olhos para os céus.

E além , um pouco a Leste
À distância de um olhar
Vejo no espaço celeste,
Aquela estrela a brilhar.

Mas tu és aquela estrela
É a tua luz a iluminar
O caminho, que ao vê-la
Parece a ti me levar.

É uma luz tão intensa
Que a Lua  sem se importar
Sente uma alegria imensa
E fica, assim, a cintilar.

Teu brilho, de tão intenso
A noite em dia transforma.
Que o céu azul, imenso
Com tua luz se conforma.

Quem dera que também eu
Como ele me conformasse.
Bastar-me ver-te no céu
Que tua luz me bastasse.

E espero que a noite venha
Crescendo em mim a ansiedade
E ainda que te não tenha
Mato um pouco a saudade.

Se só no escuro te vejo
O dia é de escuridão.
É a noite que eu desejo
O dia me traz solidão.

E um dia, no meu morrer
Se em luz me transformar
Nunca mais eu vou sofrer
No Céu te vou encontrar.

E se à tua luz tão forte
A minha se acrescentar
Libertados, então, da morte
Buscaremos um novo lar.

Formaremos um cometa
Para o Espaço atravessar
Que nada se intrometa
Tudo iremos ultrapassar.

E as estrelas em manto
Nos irão acompanhar.
Tudo será um encanto
Um espetáculo de pasmar.

E bem para lá do horizonte
Em qualquer outra dimensão
Lá, onde só o amor conte,
Voltará de novo a paixão.