No beco do desespero
A fé, de mim, desistiu .
Expirado, já nada espero
Pois o meu crer sucumbiu.
Consumido por mil partidas
Só aguardo o campo santo.
Abdiquei de lutas perdidas
Jazerei em qualquer canto.
Não foi por obra do destino
Que minha crença tombou.
Foram os sonhos de menino
Que a sociedade abafou.
Foi, também, pela danação
De não me bastar o que sou
Que despertou tal aflição
Que minha alma afundou.
Por não se ver acomodada
Na estação, a si, concedida
Silenciou, ao não ver escutada
A raiva que, em si, é jazida. (*)
Porque assombrada pela cupidez
Dos que a Lusa Pátria ataram
E aniquilada pela pequenez
E aniquilada pela pequenez
Dos cativos que a sujeitaram
Que sabedores que suas crianças
Serão pasto dos opressores
Dormem, ébrios, em temperanças
Não expulsando os agressores
São meninas, minhas lágrimas ,
Dos meus olhos vão pulando .
Fugindo, com minhas lástimas ,
Do meu rosto vão escapando .
Porque temerosas do terror
Que nele levantou mercado
Não querem acrescentar dor
À dor que o já tem marcado
Saltam lestas, como dardos ,
Nem na minha face tocando .
Finam-se, algumas, em fados
Que os cativos vão cantando
Mas outras, de tão cansadas ,
De impotência e desencanto,
Juntam-se a outras tomadas,
De incerteza, temor e espanto .
Atam-se às lágrimas de choros
Das crianças que ao crescer
Vêm, em, histórias de tesouros
Trigais de sonhos a arder
Incendiados pela malfeitoria
Que, ainda, no berço as escolhe
Como clientes para a mercadoria ,
A droga que desembarca no molhe
Lusas crianças, de Pátria arredia ,
Já, de um futuro, apartadas
Será que sabeis da nazi perfídia ,
Das meninas exterminadas?
Noivas vítimas da escravidão
Dos nazismos dissimulados
Estejam atentas à sofreguidão,
Dos governantes desgovernados
Reparem nos efeitos atrozes
Dos que à vossa volta ululam
Filhotes viciados dos algozes
Que outros algozes bajulam
Lobos esfomeados de vidas
Que, em alcateia, ao anoitecer ,
Sugam vidas desprevenidas
Lágrimas de pais, ao alvorecer .
Amarga criança, lágrima minha ,
Vencida gota de amor perdido
Que no colo de Deus se aninha
Pulando de meu rosto oprimido.
(*) Filão
É. Os filhotes viciados dos carrascos da pátria vão arrastando para o vício, e para a morte, os filhos daqueles que trabalham e lhes pagam as mordomias, através dos impostos.Assim sucede nas praxes, nas discotecas, nas estradas, etc. Numa madrugada qualquer, os pais são acordados para irem à morgue reconhecer o cadáver dos seus filhos. Os carrascos, amparados numa justiça igualmente viciada, defendem-se argumentando que são acidentes. Escapam os que emigram. São só roubados quando regressam.
A juíza tem um taxímetro entre as pernas. Por cada minuto de prazer proporcionado pelo seu namorado, um corrupto será absolvido e um inocente pagará. O que nos vale é que o namorado, mesmo em manobras com a bela juíza, sofre de problemas de erecção porque só pensa nos detalhes do próximo golpe.