Como para a vida sorrir
Quem perder as ilusões
É o cansaço de existir
É não sentir emoções
A ilusão é a luz da vida
É a chama que alumia
Se ela se vai, perdida
O existir é de agonia
É esperar que o novo dia
Seja igual ao que passou
É viver sem fantasia
É ver que nada mudou
É uma bebedeira de tédio
Pelas ruas da amargura
É doença sem remédio
É espicaçar a loucura
Se o coração quer sentir
E novas rotas desbravar
Então a mente irá agir
E o percurso irá mostrar
E uma viagem acontece
Um passo para começar
Mas a vontade adormece
Quando a inércia imperar
A satisfação dos sentidos
Cria hábitos e acomodação
É fechar olhos e ouvidos
É afundar na estagnação
O conforto do conhecido
Mata a invenção ao nascer
O medo do desconhecido
É o que impede de crescer
Conforme possamos falar
Connosco próprios, decididos
As emoções poderão mudar
E voltam os sonhos perdidos
Jamais alguém realiza
Se nunca tiver sonhado
Nunca ninguém finaliza
Por nunca ter intentado
E se há limite para a vida
Sem demora há que tentar
Porque ela não é comprida
Melhor será não vacilar
E com medo de falhar
Porque se pode perder
Nunca se chega a arriscar
Jamais se chega a vencer
E se à terra irei voltar
Se deixarei de existir
Só me resta aqui cantar
Enquanto me puder ouvir
Minhas células a espalhar
Quando a Terra explodir
Porque o Sol irá acabar
Para o Espaço irei partir
Mas enquanto a Terra viver
Em volta do Sol girando
O que de mim se decompuser
Outras vidas vai formando
E a Terra fertilizando
Água límpida torno a ser
Tudo se vai transformando
Alguém me voltará a beber
E os meus átomos ao vento
Oxigénio irão formar
Serão o ar e o alimento
Que a tantos irão saciar
E neste ciclo infinito
E se o Universo existir
Eu, com corpo finito
Irei sempre ressurgir