Meditando, desolado,
Marcho triste, junto ao mar.
Do mundo torpe, alheado,
Aqui estou, só por estar.
Embalado pelo mar sereno
De ondas mansas, azuladas.
E cai o crepúsculo, ameno,
Céu de estrelas prateadas
É salgado, de águas salgadas
E é um lago, Senhor, é um lago
É o sal das lágrimas choradas
Tais são os danos que trago.
São mesmo gotas, Senhor
Que vedes, neste lago, retidas
São prantos, são choros de dor
São minhas lágrimas caídas
Salgadas, pérolas brilhantes
Com outras são misturadas
Com lágrimas antigas, errantes
Há séculos perdidas, choradas
São dos meus antepassados
De sua terra partidos
Jazem no Mar, naufragados
Ideais, sonhos perdidos.
Porque jamais encontraram
Porto Seguro onde aportar.
E suas lágrimas tornaram
Às Lusas praias, seu lar.
Recordam aos seus descendentes
Que existiram, que eram de vidas
Como as de hoje, descontentes
Como as de então, serão perdidas
Como em quinhentos, vertidas
Prantos e lágrimas de nadas
Quando findarão as partidas
É hora das barricadas.
LÁGRIMAS DOS NAVEGADORES ÀS DE HOJE SE VÊM JUNTAR PESADELOS REPETIDOS, DORES IRÁ O TORMENTO FINDAR? |
VÃS LÁGRIMAS
E ÀS LÁGRIMAS DOS DE ENTÃO,
AS DOS DE HOJE SE JUNTARAM.
INFINDAS, DE DEVASTAÇÃO,
MIL LAGOS ELAS CRIARAM.