terça-feira, 20 de julho de 2010

POEMAS DO DESESPERO - PÁTRIA ESCRAVIZADA



O fim da escravatura
Há séculos foi decretado
Mas, aqui, país escravizado
Ela fustiga, assim, dura.

É uma forma de tortura
Ver um povo endividado
De joelhos, angustiado,
Sem a esperança que cura

Minado pela amargura 
Deprimido e anestesiado
Tão triste e defraudado
Não vislumbra a ruptura

Já se finou, a ditadura,
E o sonho sempre adiado
A verdade, crua e dura,
Um país na mesma , parado

Futebol como licenciatura
É um filão inesgotado
E se a selecção se apura
É a loucura , em puro estado

E se alguém fala, sem estatura
Por milhões é escutado
Em jornais de grande procura
Esmiúça-se o golo anulado

De manhã à noite escura
Com novelas extasiado
E o tempo da ternura ?
Passou , desperdiçado

Espreitando pela fechadura
O seu "jet-set", gansado.
Comenta-se , com desenvoltura
A vida de qualquer falhado.

Como dói tanta incultura
A educação é um fardo
É um pesadelo que dura
É um ensino abandalhado

Com sindicatos à fartura
E também mal preparado
O magistrado só procura
Incrementar o ordenado

É mesmo uma desventura
Que num País depauperado
Provoque o vómito e a soltura
A impunidade do magistrado.

E a excessiva brandura,
A do pai desleixado.
Quem pagará a factura?
Será o filho, premiado.

Já não bastava, alcoolizado,
Nas drogas, sá a mais dura
Outro carro espatifado,
É tudo uma diabrura.

E com a sua candura,
De consumidor desenfreado,
O Pai ama , mas não o atura,
E oferta tudo, ao fiho falhado.

A justiça é um achado
Corporativa e obscura.
Mereceria um tratado,
"Nojenta magistratura".